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segunda-feira, 22 de março de 2010

Anne.

Você já roubou algo mesmo quando tinha dinheiro para pagar? Já vestiu um casaco mesmo com um calor de 40 graus lá fora? Você já contou quantos passos você dá em um dia? Já contou uma mentira e gostou? Você já viu um disco voador ou seres estranhos na terra? Você já ficou presa em seus pensamentos? Já ouvi vozes e teve que tampar seu ouvido para não gritar?
Não. Pois Anne já.
Talvez ela fosse louca ou até um pouco triste. Ou talvez ela fosse apenas uma garota estranha.

Anne acordou assim que o relógio despertou, passou a mão no cabelo curto e olhou para o relógio: Ainda sete horas, pensou ela. Então levantou os braços em um movimento libertador e movimentou todos os dedos o pé. Agora ela estava realmente acordada.
Como de rotina Anne caminhou contando 36 passos até o banheiro, e depois do banheiro para a cozinha mais 56 passos. Pegou sua bolsa sua câmera, seus cigarros cubanos e seu chaveiro de mil e uma utilidades: canivete, um mini pente, um abridor de garrafas, e um broche do hard rock café.
Antes de passar pela padaria ela acendeu um cigarro e usava a fumaça para fazer formas engraçadas, passou pela banca de jornal e tirou uma foto de um cara carregando um grande buquê de flores, depois passou por uma lojinha de flores e roubou gentilmente uma margarida 1.369 passos no total era à distância do metro até sua casa. Como ela sabia? Bom Anne fazia esse caminho todos os dias, então era suposto que ela soubesse.
Ela chegou assim que o primeiro metrô havia chego, mas como de costume esperou até o terceiro e entrou no quinto vagão como fazia todos os dias, sentou-se no penúltimo banco ao lado do senhor que tinha cheiro de chiclete, sabor? Frutas vermelhas.
Levantou na quarta estação, e deu a margarida enrolada em uma fita velha que estava a anos em sua bolsa para uma garotinha muito feinha sentada do outro lado do vagão. Então ela saiu. Voltou duas quadras andando. Sim seria, mas sensato ela ter descido na terceira estação, mas para Anne o sensato não existia.
Durante seus 2.986 passos ela desenhou várias coisas em seu bloquinho: primeiro ela fez uma nuvem em forma de elefante, virou a pequena página e desenhou um belo sorriso, depois tentou representar o laço vermelho que vira no cabelo da menina feia do metrô. Comprou um café e uma revista. Tomou o café e deu a revista para uma mulher e seu bebê e pediu para tirar uma foto deles. Ela comprou outro filme para sua câmera e acendeu um cigarro. Então se deitou na grana e ainda com o cigarro preso aos lábios ela bateu uma foto de um belo vira-lata carregando uma bolinha verde.
Colocou os óculos escuros deitou a cabeça na grana gelada e úmida pela geada da noite passada e deixou o tempo passar. Quieta, apenas o som de sua respiração. De olhos fechados sua mente viajava, ela era tão inteligente, tão bonita e complicada, tão intensa e desligada, era tão sozinha e tão instável. Será que ela já amou alguém? Será que ela era uma doida que vivia em um mundo de mentirinha? Será que ela sabe que os cigarros matam, mas por que ela fuma tanto?
Horas depois ela se levantou, e fez o mesmo caminho até sua casa, o dia já estava acabando. Já em casa ela passou a noite toda relevando as fotos que havia tirado, e agora já pela manhã colocou as melhores na porta da geladeira, sentou na janela com uma caneca de café e assistiu os primeiros raios de sol.








De sua Sussene

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