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sábado, 3 de abril de 2010

POR ENQUANTO respiro

Ela sentou na grama umedecida pela chuva constante, olhou para o nada como se este fosse seu melhor amigo, às vezes abraçava seus joelhos escondendo seu rosto e ali ficou minutos. Longos minutos. Mexeu na mochila preta ao seu lado, e dela tirou uma caixinha de veludo azul marinho, não é preciso estar aberta pra que você saiba o conteúdo desta, resumo apenas que é brilhante e tem um significado eterno pra maioria, porém, não para ela. Em seu intimo aquele objeto não representava sentido algum. Sem abrir a caixinha, ela a olhava como se seu interior fosse oco, indícios de que ela pensava em algo, o melhor, que ela se lembrava de algo. Vamos vasculhar as lembranças de Jayne.

Típica terça-feira.
Jayne estava em seu quarto, lia um livro de fábulas e lendas canadenses quando seu celular vibrou.
“JAYNE ENCONTRE-ME NA GRANDE ÁRVORE! Te Amo”.
Mensagem de Bentley, esse era seu costume, raramente ligar, porém, sempre que possível enviar um SMS. Ela não mais se surpreendia com as novidades de Bentley, o motivo ela não sabia, pelo menos ainda não. A grande árvore no qual ele se referiu reside exatamente no centro da praça, sem muita pressa caminhou até lá.
Bentley a esperava sentado em uma das raízes,sentia-se bastante nervoso, Jayne sentou-se ao seu lado e ficou em silencio.
- Longos 5 minutos! Acho que estou muito nervoso.
- Nervoso amor? O que aconteceu?
- A pergunta é: O que esta prestes a acontecer?
Jayne enrijeceu, não sabia o que viria a sua frente, mas pelo rumo da conversa pressentiu algo não muito agradável.
- E o que esta prestes a acontecer?
Bentley pegou em sua mão, olhou nos seus olhos, respirou fundo e disse:
- Eu nunca imaginei que acontecesse comigo, mas meu coração não é de aço, acho que é o momento de pertencemos um ao outro e a melhor forma de tê-la comigo é lhe dando isto.
Tirou a caixinha do bolso e colocou nas mãos de Jayne, mesmo sem olhar o conteúdo já sabia o que era. “Quatro anos é muito, mas ainda sim precipitado”, o único pensamento que permanecia em sua mente. Quem entende Jayne além de ela mesma? O fato é que ela enrijeceu pela segunda vez, mas nesta não suportou o silencio.
- Bentley, eu não sei se... Eu te amo, mas...
Ela não conseguia terminar, não podia terminar, não a esta altura. Uma garota normal diria sim sem relutar, este é o tipo de momento mágico que só acontece uma vez, mas Jayne não era uma garota normal, pra ela aquilo não fazia sentido algum, o que um anel mudaria em sua vida?
- Dizer eu te amo não é o que eu quero ouvir agora. Jayne por favor, aceite.
- Desculpe, mas me parece precipitado.
- Então fique com a caixinha, pense e depois me responda, por favor, não me deixe partir, apenas diga sim essa é a palavra-chave.
Largou sua mão e correu, para qualquer lugar, não tinha nada em mente queria apenas fugir, fugir do presente.


Agora sentada na grama úmida ela pensa no que fez, ela sabe que não deveria ter fugido, dito não, ter o deixado partir não foi a escolha certa. Se arrependimento matasse Jayne já não respiraria. Olha aquela caixinha a todo o momento, ela ainda não entende seu significado, mais bem aceita-lo sem entender e ter Bentley junto consigo, do que recusar o brilhante pelo seu significado e perder seu amado como ela o fez.
“Ainda vivo, POR ENQUANTO respiro. Salve-me Bentley, assim viverei eternamente!” É o que ela pede todas as noites em seus sonhos. Particularmente adoro amores impossíveis, mas este tem total culpa e responsabilidade de apenas uma pessoa, Jayne.
Ela escolheu terminar como a garota de coração partido, afinal recusou seu único e verdadeiro amor. Quem entende Jayne além de ela mesma?

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