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domingo, 18 de abril de 2010

Eu me lembro muito bem de tudo. Nós estávamos num jardim , cercados de rosas amarelas que exalavam um odor forte, a ponto de me hipnotizar.
Quando me refiro a nós quero dizer a mim e minha fiel companheira. A solidão.
Aquele era o único lugar que nós nos sentíamos confortáveis. Um silêncio aconchegante que só era interrompido pelo cantar dos pássaros e pelo barulho da brisa.
Naquele dia, frio e cinza eu necessitava estar ali.
Sentada em um banco, aonde já mostrava sinais de ferrugens, decorrentes de minhas inúmeras lágrimas que ali havia depositado, à minha sede de você vinha a tona a cada instante.
Perguntava eu a solidão entre soluços:
- Por que ele se foi e deu lugar à você ?
Como resposta obtia o silêncio e o vazio ia preenchendo espaço.
Em meio a tantas flores, que aos meus olhos eram dadas como murchas. Embaixo da sombra da árvore gigantesca, fechei meus olhos, e apertei-os com muita força.
Senti seus lábios quentes de encontro aos meus, meu coração acelerar e meu arrepio na espinha.
Mas logo tudo foi interrompido por um ar gélido, a solidão me abraçava e beijava-me.
Continuei de olhos fechados, apertando ainda com mais força, relutando para não abri-los.
Senti seu toque, e fui envolvida pelo seu abraço. Lembro-me de sua mania de me proteger feito um urso. O abraço foi afrouxando pouco á pouco, até não senti-lo mais. Tudo estava frio novamente.
Perdi a força , não conseguia manter os olhos apertados em minha fronte, vagarosamente foram abrindo-se, e voltei para a realidade.
Vou permanecer aqui, intercalando momentos loucos e de lucidez.
Esperarei até que você reapareça e expulse a solidão à gritos daqui, leve o tempo que for ... E não minto, já faz alguns invernos

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