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sábado, 15 de maio de 2010

Vã mentira.

É normal no outono ser acordo com o som suave da chuva, essa noite não foi diferente, porém ela sentia uma anomalia na penumbra escura de seu quarto, algo fora do lugar, talvez um objeto posto no lugar errado, o fato é que isso a incomodava, assustada acendeu a fraca luz de seu abajur e levantou-se para fazer uma perícia no local, à primeira vista nada encontrou, mas quando se aproximou da escrivaninha viu um papel amarrado com uma fita vermelha em uma rosa também vermelha.

“Tão misterioso como este chegou a esta escrivaninha, assim quero parecer a ti, dê-me a chance de apresentar-me, se sim, a rosa terá de aceitar se não, apenas entenderei.”

Quem escreveria isto? Quem entraria em seu quarto em segredo e, silenciosamente deixaria este bilhete? Louise não entendia, mas teria de respondê-lo. Mas a quem? Mais uma vez ela leu aquelas palavras, novamente e novamente, e depois de um momento pegou a rosa vermelha e sussurrou. “Sim! Te dou essa chance, seja lá quem for.”

A única coisa de que precisava era dormir. Mas como dormir? Como conciliar o sono? Como descansar se tem tanto a entender, tantos pensamentos a ordenar? Agora ela tinha um mistério para desvendar. Em vão, pois ela não tinha ninguém a quem acusar, o homem misterioso não deixou rastros e conseguiu permanecer na imaginação de Louise todo o resto da noite, inclusive eu seus sonhos. Pela manhã quando acordou havia mais um bilhete, dessa vez sem rosas, sem fitas, mas com uma bela caligrafia.

“Sou quem você desejar que eu seja, Louise, agradeço a chance que me dá, mas tenho apenas um objetivo que creio um dia conseguirei. No momento saiba apenas que te amo.”

Que objetivo? Ele sabia seu nome, mas como? Em apenas uma noite Louise sentiu sua vida tornar-se uma enorme incógnita, que não tão fácil a entenderia. Releu o bilhete mais de dez vezes e ainda assim não conseguia entender. Como eles chegavam a sua escrivaninha? A única coisa que ela queria era desvendar tudo isto e saber quem é o homem que diz ser apaixonado por ela, o pobre tolo que a ama, um tolo que se engana, pois Louise não acredita em amor e, talvez nunca venha a acreditar. Isto, porém, vem de seu pai que sempre a dizia: “Minha filha, o amor é uma vã mentira, sem exceção, nos machuca, deixando seu coração triste.” Lembrando das palavras de seu falecido pai, Louise teve uma idéia, a noite escreveria um bilhete para o homem misterioso, assim quando ele entregasse o próximo bilhete receberia o seu. Exatamente assim ela o fez, escrevendo as palavras de seu pai.

“O amor é uma vã mentira, nos machuca deixando os corações tristes. Louise.”

Quando acordou seu bilhete já não estava lá, porém encontrou outro em resposta:

“Apenas entenderei.”

Depois deste, nenhum outro bilhete apareceu, Louise passava noites em claro esperando ver sua escrivaninha com um novo papel sobre ela, entretanto, isto não acontecia. Meses passavam e Louise sentia um vazio que nunca antes sentiu. Ela amava o misterioso, amava a imagem que todas as noites imaginava ser do homem que escrevera aquelas palavras, amava a alma de um homem que quando ama entrega como oferta uma rosa representando sua paixão. Ela amava o desconhecido, porém, seu coração estava triste, o amor a machucou. Ela era mais uma entre os tolos que buscam a felicidade e a eternidade juntos, neste caso, uma eternidade singular, ela o fez assim. O amor dela era como uma nuvem, carrega muita água que transborda aos olhos. E qualquer coração que não seja firme ou forte o suficiente para agüentar muita dor desiste e morre.

O de Louise triste, não suportou.

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